Histórias de Moradores de Chapecó

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar o acervo de vídeos e histórias com depoimentos dos moradores.

História da Moradora: Rosalia Mary Wentz Biasuz
Local: São Paulo
Ano: 22/03/2016

Vídeo: Lançando para a vida, para o mundo


Sinopse:

Rosalia Mary Wentz Biazus, natural de Chapecó (SC), conta como foi crescer numa cidade pequena. Lá que estudou, brincou e se desenvolveu. Rosalia conta em seu depoimento como foi ter contato com um estudante intercambista, estrangeiro, numa cidade pequena e também como essa vontade ficou latente. Foi quando estava namorando um rapaz, na sua mocidade, que conheceu o marido, que tinha acabado de chegar à cidade.

Terminou o namoro com o primeiro e casou-se com Jaime, com quem está casada até hoje e tem três filhos. Quando seu filho mais velho completou 15 anos, Rosalia lembrou-se do AFS e entrou em contato para se informar de como mandar seu filho e, em seguida, foi convidada a montar o comitê de Chapeco. Seu filho foi da primeira turma da cidade e desde então Rosalia tem trabalhado como voluntária, chegando a assumir o cargo de Diretora Regional. Seus três filhos fizeram intercâmbio e ainda Rosalia conta um pouco da experiência de ser mãe-hospedeira.

História:

A história toda foi em 1971. Um amigo nosso, meu e de minha irmã, começou a estudar em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e soube do AFS, do Comitê de Santa Maria. Aí ele esteve em Chapecó, eram férias de inverno e nos encontramos depois de ir ao cinema e ele nos acompanhou até em casa e nos contou que ele estava se despedindo e que ele iria para os Estados Unidos para fazer a experiência de AFS. Aí eu perguntei: “Mas exatamente o que é isso?”, e ele me contou como funcionava: devia ser jovem estudante de Ensino Médio e que estivesse dentro dessa faixa etária, se inscrevia para uma seleção, fazia uma prova, algumas outras atividades e ganharia uma bolsa para ficar um ano nos Estados Unidos.

Eu achei a ideia maravilhosa. Um ano depois ele voltou, esteve em Chapecó e em 73. Ele fez um contato com uma parente dele em Chapecó pra que recebesse um americano que estava em Santa Maria, o Mark. Foi aí que o Mark estudou na minha escola, no Colégio Bom Pastor. Eu conversei muito com o Mark. Ele já falava muito bem o português porque ele já estava praticamente voltando pros Estados Unidos, naquela época acho que eles voltavam em julho, e eu fiquei encantada com essa possibilidade de sair, principalmente nessa faixa etária, que eu acho que é muito importante, na adolescência. É um momento muito especial pro ser humano e ele tem que saber um pouco mais de si pra que ele aprenda algumas coisas importantes pra sua vida.

Como eu acreditava muito no valor dessa experiência, eu quis muito que o Guilherme [filo mais velho] fizesse um intercâmbio. Quando o Guilherme ia fazer 15 anos, a Cristina [minha cunhada] já não trabalhava mais com o AFS em Caxias [do Sul], já morava em Porto Alegre. Eu telefonei pra ela perguntando: “Tu sabes onde está o escritório nacional?”, ela disse: “Olha, eu sei que é no Rio de Janeiro mas eu perdi o contato, não tenho telefone”. Foi aí que eu procurei, através de uma telefonista. Ela me informou o número do escritório do AFS no Rio de Janeiro. Eu entrei em contato com o escritório e eles me informaram a pessoa que trabalha no AFS até hoje em Florianópolis, que é a Tania Lee. Telefonei pra Tania à noite, conversamos longamente, ela me orientou que o Guilherme poderia fazer a seleção pro AFS no ano seguinte e uma semana depois ela me ligou e me propôs que eu trabalhasse com o AFS em Chapecó.

A Tania me convidou uma semana depois de nós termos falado, e eu disse: “Eu vou encarar isso e vou fazer isso porque eu não quero só pros meus filhos”. Porque eu achei tão maravilhoso e Chapecó não tinha ainda. Tinha uma escola de inglês que oferecia uma experiência de intercâmbio nos Estados Unidos como uma premiação pros seus estudantes. Então, eu fiz parcerias com escolas, a princípio com a escola onde meus filhos estudavam, depois eu fui ampliando e fui conversando com as famílias e frequentando os lugares que eram possíveis, levando nosso filho intercambista junto, ia apresentando a ele para as pessoas e propondo para amigos e conhecidos a experiência de intercâmbio. E eu nunca mais parei. Eu trabalhei no comitê de Chapecó por 19 anos como presidente e fui ampliando. Levei a proposta pra cidades próximas de Chapecó, pra Xaxim, pra Xanxerê, pra São Miguel D’Oeste, eu nunca parei. Eu estava correndo com a minha família mas também fazendo toda essa instalação do comitê de Chapecó e ampliando a atuação do comitê para as nossas cidades próximas. Foi uma loucura, mas uma loucura muito boa.

Quando Guilherme viajou, foi toda aquela preparação, eu fui a Florianópolis com a turminha de Chapecó, inclusive com o Guilherme, pra fazer a seleção. Nós fomos por três vezes a Florianópolis nas seleções que eram feitas no comitê, realmente foi uma empolgação, foi um entusiasmo enorme pra fazer o intercâmbio. Quando Guilherme viajou, eu passei seis meses sem entrar no quarto dele, eu não conseguia. Eu não conseguia entrar. Foi muito difícil. Depois, quando a experiência já estava dele bem encaminhada, eu comecei a me dar conta: “Nossa, daqui a pouco ele está voltando”. Foi aí que eu comecei a entrar no quarto dele e organizar as coisas de novo pro retorno dele. Deus do céu, é muito difícil! E foi meu primeiro filho a sair de casa.

E é uma coisa bem difícil você ler Khalil Gibran, eu li muito quando era guria. E aí: “Os filhos são como umas flechas que você lança com arco para vida”. Não é tão simples assim não (risos), não pensem que é!

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